sexta-feira, 24 de maio de 2013

Formação Litúrgica - SC 50 anos!!!!

Sacrosanctum Concilium:
Uma novidade conciliar que já alcança 50 anos!

50 anos depois da promulgação da Sacrosanctum Concilium, Constituição do Concílio Ecumênico Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia, com aprofunda reforma que este documento provocou na vida da Igreja, é tempo de reconhecer como sopro do Espírito os passos dados e todas as vitórias conquistadas. A data da comemoração está marcada para dezembro de 2013, mas os preparativos já fazem parte da festa.
Contudo, é tempo também de avaliar e marcar novos começos. Justamente neste momento em que ocorrem ventos contrários que põe em risco a obra do Espírito nos 60 anos do movimento litúrgico e no esforço de renovação de toda a Igreja nestes quase 50 anos.
A Sacrosanctum Concilium lembra que a obra de Cristo elevada a efeito, sobretudo na Liturgia da Igreja, de modo que a Liturgia é momento da salvação, até que um dia o Senhor volte em sua glória para entregar o Reino ao Pai.
A história de Deus com seu povo é uma história de amor. Um amor concreto que vê a opressão ouve as necessidades, toma conhecimento dos sofrimentos, desce para ajudar e salvar (Cf. Ex 3, 1ss).
Na noite pascal, a assembléia celebrante é exortada a escutar com ouvido de discípula “como Deus salvou outrora o seu povo e nestes últimos tempos enviou seu Filho como redentor”. De fato, através dos fatos, acontecimentos, pessoas, profetas, sábios, etc. Deus agiu na história em favor do seu povo e o salvou. Para contemplar a obra da redenção, na plenitude dos tempos enviou o seu Filho único (cf. Gl 4,4). Jesus Cristo, verbo feito carne, ungido pelo Espírito, veio para anunciar a boa nova aos pobres e curar os contritos de coração. Por Ele, sobretudo por seu mistério pascal de sua sagrada paixão, ressurreição e ascensão, foi realizada a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus.
O Sacrosanctum Concilium nos prescreve que esta obra de Cristo é continuada na Igreja que nasceu do lado aberto de Cristo na cruz e continua na sua Liturgia, onde Cristo está presente. (Cf. SC. 5-7).
A necessidade de entrar na nova vida revelada em Cristo nos afirma a Sacrosanctum Concilium que toda a celebração litúrgica é memorial do mistério pascal de Cristo. A Liturgia nos faz ver, contemplar e experimentar a história da salvação a partir do seu cumprimento. (Cf. SC. 9).
 Vamos apresentar de forma sintética o esquema da SC, vejamos:
è Introdução
nn. 1-46: Princípios gerais para a reforma e incremento da sagrada liturgia
n.1: Objetivo Geral do Concílio Vaticano II
nn. 2-4: Objetivo específico da SC com respeito à Liturgia
Capítulo I
nn. 5-8: A natureza da liturgia
nn. 9-13: O lugar da liturgia no conjunto da vida e ação da Igreja e dos fiéis
nn. 14-20: Os Institutos e seminários garantem formadores especializados e que possam iniciar o povo na liturgia
nn. 21-25: Normas gerais para a reforma da Liturgia
nn. 26-31: Normas de índole hierárquica e comunitária
(nn. 30-32: Prever formas concretas, também rubricas, para garantir a participação ativa dos fiéis)
nn. 33-36: Normas de índole didática e pastoral
nn. 37-40: Normas para se realizar a adaptação
nn. 41-46: Incremento da Liturgia nas dioceses e paróquias, a ser incentivado pela pastoral litúrgica
(nn. 44-46: a necessidade de comissões nacionais e diocesanas, de música e arte sacra, com participação de leigos)
Capítulo II
nn. 47-58: O sagrado ministério da Eucaristia – Fundamentação teológica: Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do Senhor, no qual participam os fiéis diretamente
(nn. 51-53: Abrir mais o tesouro da bíblia, insistência na homilia, restauração da oração dos fiéis)
(nn. 54-58: Língua vernácula, pão consagrado na missa atual, comunhão sob duas espécies, concelebração)
Capítulo III
nn.59-82: Outros sacramentos e os sacramentais
(nn. 59-61: Fundamentação teológica deste capítulo – memória da páscoa, sinais eficazes que supõe, alimentam, fortalecem e exprimem a fé, para a santificação do corpo de Cristo, nas diversas circunstâncias da vida)
(nn. 64-65: A restauração do catecumenato dos adultos e sua adaptação)
(nn. 66-70: Batismo de adultos e crianças e sua adaptação)
(nn. 72-78: Sacramento da Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio e respectiva adaptação)
(nn. 79-82: Adaptação a cerca dos sacramentais ao nosso tempo, tendo presente o princípio da participação consciente, ativa e fácil. Menciona as bênçãos, o rito da Consagração das Virgens e as exéquias)
Capítulo IV
nn. 83-101: Ofício Divino (Liturgia das Horas)
(nn. 83-86: Fundamentação teológica deste capítulo)
(nn. 87-89: Fazer cada ofício corresponder à respectiva hora)
(nn. 91-94: Nova distribuição dos salmos e reforma dos hinos)
(nn. 95-101: Possibilitar mais ampla participação, também dos leigos)
Capítulo V
nn. 102-111: Ano Litúrgico
(nn. 102-104: O Ano Litúrgico com seu ritmo diário, semanal e anual, torna presente o mistério da páscoa de Cristo na vida da Igreja. Une à memória de Cristo, a dos mártires e dos santos)
(nn. 108-111: Faz referência à necessária hierarquia das festas e memórias, destacando o tempo da quaresma)
Capítulo VI
nn. 112-121: Música Sacra
(nn. 112-113: Função ministerial do canto e da música, que constituem parte integrante da liturgia. Deve estar unido à ação ritual)
Capítulo VII
nn. 122-130: A arte sacra e as vestes litúrgicas
(122-123: Fundamentação teológica deste capítulo. A arte segundo a índole dos povos e as exigências dos ritos)

            Diante desta motivação teológico-liturgica fica evidente que o Concílio visava não apenas uma reforma externa dos ritos litúrgicos, mas uma nova compreensão da Liturgia, uma nova mentalidade litúrgica, uma renovação também interna, espiritual da Liturgia e da Igreja.
A grande novidade do Concílio Vaticano II nos leva a refletir que a Liturgia leva a efeito a obra da redenção, ela mesma é um momento da história da salvação. Usando categorias bíblicas afirmou ser a liturgia o memorial do mistério pascal de Cristo, ponto culminante de todo o caminho pascal de Jesus e ponto culminante de toda a história de Deus com o seu povo (entre a primeira aliança e o fim dos tempos). Pelo batismo, mediante o Espírito que é fruto de sua páscoa, estamos associados a este mistério pascal (o nosso mistério pascal também faz parte da liturgia; Medellín aprofundou e ampliou esta compreensão da páscoa aplicando-a as lutas e vitórias do povo da América Latina). Não é por acaso que a reforma colocou no coração da prece eucarística a aclamação memorial: Todas às vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos Senhor, a tua morte, enquanto esperamos tua vinda.

Perguntas para Reflexão:

1.      Nestes 50 anos de Sacrossanctum Concilium, qual a motivação que a Igreja tem dado a renovação litúrgica?
2.      Na atual conjuntura a Liturgia celebrada na Igreja, tem seguido o pensamento da SC?
3.      O que podemos fazer para que a SC possa ser mais conhecida e celebrada nestes seus 50anos de existência?



Fontes:
·         Revista de Liturgia, meses de Janeiro e Fevereiro - Março e Abril, nºs. 229 e 230,  p. 3 e 19.
·         VVAA. A Liturgia, Momento histórico da Salvação, São Paulo: Paulinas, 1987, p. 41.