quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Formação Litúrgica


Advento uma força transparente do Maranatá!

(por: Pe. Marcelo Fróes – Liturgista)




Ao participarmos da dinâmica do Ano Litúrgico, nos colocamos numa atitude de devida reverência com o mistério pascal de Cristo. Este mistério pode ser vivido ao longo do próprio Ano Litúrgico, com suas festas e seus tempos, suas celebrações, seus cantos e suas orações.
Um pequeno gesto ou rito nos introduz nesse mistério, no qual o Espírito é o grande ‘despertador’ da ação que o próprio mistério propõe a fazer em nós. Esta ação, própria do Espírito, provoca em nós uma abertura à força sacramental, força que o próprio tempo ou Ano Litúrgico traz em si. Conduzir-se a isso é propor nossas vidas ao que o mistério quer realizar em nós: fazer-nos seres de esperança, em atitude à vinda do Reino de Deus, Reino este que pode ser já vivido no Hoje da nossa história. O Tempo do Advento tem essa característica, é um tempo em que nos colocamos em atitude de alegre e piedosa expectativa pela vinda do Reino entre nós. Foi assim que viveram os personagens bíblicos, dentre eles Zacarias, Maria, João Batista, Simeão e o próprio Jesus Cristo, protagonista do Reino de Deus.

Advento, tempo de alegre e piedosa espera.

O Tempo do Advento, apresentado no início do ano litúrgico, relaciona-se com a proposta da Igreja que se faz presente no mundo. Este tempo visa mostrar através dos sinais que são próprios do Tempo do Advento, com seu sentido próprio, como a música litúrgica litúrgica, que é um sinal sacramental específico do tempo, por exemplo o cântico de Zacarias, e outros elementos podem contribuir para se viver o Tempo do Advento e dele tirar proveito espiritual para as nossas vidas e atitudes cristãs, fazendo com que essas atitudes se revertam em exercício para a convivência com o mundo cada vez mais sem esperança e impedido de dar continuidade à realização da vontade de Deus.

A Igreja vive no mundo num anseio pela vinda do Senhor. Rezamos no coração da Prece Eucarística: "Vinde, Senhor Jesus!" ou "Enquanto esperamos vossa vinda!". Mas, enquanto sua vinda não se faz plenamente, a Igreja celebra, louva e distribui os sacramentos, na esperança alegre de sua plena concretização. Por isso este tempo, em preparação ao Natal do Senhor, suscita o desejo de que o Senhor venha. Tanto no Tempo do Advento como no Natal, dá-se a realização plena do mistério pascal de Cristo, que nos é apresentado pela ótica do seu nascimento e de sua concepção terrena. Eis o sinal sacramental próprio do tempo.

Por isso, posso dizer que celebrar no Tempo do Advento é manifestar no rito e na vida um momento novo para a humanidade nova, para o mundo novo. De fato, a Igreja diz que é necessário se viver num eterno advento, afastando o mal, pois Deus age como um agricultor que recolhe os grãos no celeiro, ou como um lenhador, que coloca o machado ao toco, pronto para cumprir sua missão.

Portanto, viver o Advento é viver com uma alegre espera, na feliz expectativa da realização do Reino de Deus entre nós. Mas essa espera é revestida de uma esperança escatológica (escathom, do grego = fim último), em meio a tribulações e sofrimentos, assim como viveu o “Filho do Homem” (Lc 21,27), e que se torna sinal de esperança, sinal de que a salvação de Deus prometida desde a Primeira Aliança (AT) está inserida na história humana, conforme a profecia de Daniel que fala da instauração do Reino de Deus, com a vinda de Jesus.

A Celebração do Advento
O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.
As vestes litúrgicas (casula, estola etc) são de cor roxa, bem como o pano que recobre o ambão, como sinal de conversão em preparação para a festa do Natal com exceção do terceiro domingo do Advento, Domingo da Alegria ou Domingo Gaudete, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do libertador que está bem próxima e se refere a segunda leitura que diz: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto.(Fl 4, 4).
Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a coroa ou grinalda do Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do Advento. A coroa pode ser pendurada no prebistério, colocada no canto do altar ou em qualquer outro lugar visível. A cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma, no segundo duas e assim por diante até serem acesas as 4 velas no 4° domingo. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo brilhará para toda a humanidade, e representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem. O círculo sem começo e sem fim simboliza a eternidade; os ramos sempre verdes são sinais de esperança e da vida nova que Cristo trará e que não passa. A fita vermelha que enfeita a coroa representa o amor de Deus que nos envolve e a manifestação do nosso amor que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus. A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.
Podemos também, em nossas casas, com as nossas famílias, mergulhar no espírito do Advento celebrando-o com a ajuda da coroa do Advento que pode ser colocada ao lado da mesa de refeição.
Fontes de pesquisa:
- AUGÉ Matias. Espiritualidade litúrgica. São Paulo, Editora Ave Maria, 2002;

- BERGAMINI Augusto. Cristo, festa da Igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano litúrgico. São Paulo, Paulinas, 1994.
- CNBB. Animação da vida litúrgica no Brasil (= Documentos da CNBB 43). São Paulo, Paulinas, 1989.
- CENTRO DE LITURGIA (Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. São Paulo). Curso de especialização em Liturgia. Uma experiência universitária significativa (apontamentos de Eurivaldo Silva Ferreira – trabalho acadêmico). São Paulo, 1995.
- ADAM Adolf. O ano litúrgico. Sua história e seu significado segundo a renovação litúrgica. São Paulo, Paulinas, 1982.

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