segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Espiritualidade do Leigo


Novena de Natal: uma Liturgia numa experiência de Fé!



Quando escutamos dizer que “o melhor das festas é a preparação”, podemos entender que estão falando daquele “gasto de tempo” necessário para se fazê-las acontecer. Quem já pôde juntar-se aos grupos de pastorais e movimentos para participar da preparação de suas novenas, aniversários de comunidades, festas de padroeiros e outros; sabe que para este povo, o corriqueiro ato de unir-se para pensar os detalhes, para preparar as rezas e celebrações, já é de certa maneira sentir a festa acontecendo. Podemos até dizer mais: “o melhor da festa é a vida que ela contém, desde sua preparação até sua comemoração”.

A novena de Natal vem carregada deste cuidado espiritual e comunitário, para bem preparar essa festa surgida no ambiente cristão a partir do século IV, e que se tornou para nós tão importante. Com certeza o Natal mexe profundamente com nossas vidas, por isso, reservamos aqueles nove dias que antecedem à FESTA (como muitas pessoas, especialmente do interior do Brasil se referem ao Natal, simplesmente chamando-o assim), para celebrarmos com mais gosto e desejo a vinda do GRANDE DIA DO SENHOR (Cf.: Is 2,12; Am 5,18; Zc 14, 1).

Esta prática popularizou-se bastante, fortalecendo os laços fraternos que ligam grupos e comunidades, servindo não só para manter viva a força simbólica do Tempo do Natal, mas também para recordar a toda Igreja, que a vida litúrgica dos que crêem em Cristo, suas festas e devoções, só tem verdadeiro sentido enquanto celebra a vida latente do mundo, seus gritos por saúde, justiça social e espiritual, cuidados maternais e paternais com a ecologia criada por Deus e mais, suas alegrias e vitórias a partir de lutas que são travadas para libertarem o ser humano de todo tipo de escravidão. Não podemos esquecer que a novena deve ligar o mistério de Cristo ao mistério da vida que nos rodeia, sem ilusões e alienações, mas assumindo profeticamente a chegada do reino de Deus, que requer a nossa mudança de atitudes (Mc 1, 15).

No entanto é fundamental que a vivência desta novena preparada para a Festa do Natal do Senhor, não seja a sua celebração antecipada. Não sirva para construir no coração e na mente de quem dela participa, uma festa de Natal antes da hora, fazendo até com que muitas pessoas encham esta novena de tanto brilho, a ponto de deixarem de celebrar com a comunidade a festa tão desejada, o Natal, sua oitava e seu tempo próprio de vivência até o domingo do Batismo do Senhor. Às vezes, estes “noveneiros”, por este tipo de atitude, acabam não percebendo que estão de certa maneira invertendo o verdadeiro sentido para o qual esta novena foi criada: o de desejar mais intensamente a vinda do Senhor.

Sobre o sentido das novenas, o ‘Diretório Sobre Piedade Popular e Liturgia’, da Congregação para o Culto Divino, diz no nº 103: “A novena do Natal surgiu para comunicar aos fiéis as riquezas de uma Liturgia à qual eles não tinham fácil acesso. A novena de Natal de fato exerceu uma função salutar e ainda pode continuar a exercê-la. Entretanto, em nosso tempo, no qual ficou mais fácil a participação do povo nas celebrações litúrgicas, é desejável que entre os dias 17 a 23 de dezembro a celebração das Vésperas ganhe caráter solene, com as “antífonas maiores”, e os fieis sejam convidados a participar delas. Tal celebração, antes ou depois da qual poderão ser valorizados alguns elementos caros à piedade popular, constituiria uma excelente “novena de Natal” plenamente litúrgica e atenta às exigências da piedade popular. Dentro da celebração das Vésperas podem ser desenvolvidos alguns elementos já previstos (por exemplo, homilia, uso do incenso, adaptação das intercessões.” Por isso, se faz necessário que as equipes de liturgia das dioceses, paróquias e comunidades, dêem mais importância ao sentido, teologia e ritualidade que esta novena carrega.

A participação das famílias, que se colocam à disposição de Deus e dos irmãos que as visitam, para rezarem, cantarem, escutarem a santa Palavra, é um aspecto muito positivo nas novenas. Por isso, não se deve deixar de aproveitar a oportunidade de neste tempo, sairmos missionariamente de nossos templos e irmos ao encontro daquelas famílias, que muitas vezes não compartilham conosco a vida litúrgica de nossas comunidades, mas dividem conosco os sentimentos de esperança por uma nova vida, mais plena de sentido e feliz em todos os aspectos.

Voluntaria ou involuntariamente, estas famílias procuram escapar rebeldemente das programações televisivas tão dominadoras e que não deixam fôlego para momentos familiares e comunitários. É comum que as novenas sejam momentos de comoção na família, por ser, não raramente o único tempo durante o ano em que se reúnem para rezar juntos e refletir sobre suas vidas. Quem coordena, deve estar sempre preparado para lidar com os sentimentos destas pessoas, que nestas celebrações, acabam se lembrando de familiares que já morreram, ou daqueles que se encontram de certa maneira escravos da doença, da droga, do ódio... e que causam a toda a família um sofrimento comum.

Ir às casas durante as novenas, firma nossa caminhada com o projeto de Jesus e nos recorda que as primeiras comunidades cristãs nasceram de reuniões domésticas, simples e informais, cheias de uma rica espiritualidade e que, grávidas do desejo pela vinda do Senhor, entoavam o MARANATHÁ (Cf. I Cor 16, 22; Ap 22,20; Rm 13,12), como o canto dos que aspiravam ardentemente a volta definitiva do Cristo, para que a sua promessa de vida plena e abundante se tornasse uma realidade nesta terra.

Com a renovação litúrgica iniciada pelo Concílio Vaticano II, fomos chamados a incrementar a liturgia “especialmente no que se refere à administração do sacramentos, aos sacramentais, às procissões, à língua litúrgica, à música sacra e às artes,...(SC 39), para melhor atender aos apelos que não só a Igreja de hoje nos faz, mas para responder ao mundo em que vivemos. Por isso nossas novenas, terços, procissões, missões e especialmente a Celebração da Eucaristia, devem ser melhor adaptadas à realidade do povo celebrante, que continua a responder ao apelo que Cristo fez: façam isto para manter viva a minha memória (Cf. I Cor 11,23-27; Lc 22, 19-20; ...e nós o faremos até que ele venha.

Dizemos isto para lembrar que a novena do Natal está entre os sacramentais, que segundo a SC nº 60, “são sinais sagrados, pelos quais, à imitação dos sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, que se obtêm pela oração da Igreja. Pelos sacramentais os homens e mulheres se dispõem para receber o efeito principal dos sacramentos e são santificados as diversas circunstâncias da sua vida. Sua liturgia permite que a graça divina, que promana do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, do qual recebem a sua eficácia, santifique todos os acontecimentos da vida daqueles que o recebem com a devida disposição.
Empenhados em manter viva a beleza ritual deste tempo tão repleto de esperança, que é o Advento, com seus símbolos, textos bíblicos e eucológicos, seus cantos e novenas, continuemos e arder por dentro (Lc 24,32), prontos e vigilantes (Mc 13,35), alegres na oração (I Ts 5,16), despertos e cheios da certeza de que nosso Salvador vem, para libertar e reconciliar o mundo em seu amor. “Vem, Senhor, vem nos salvar, com teu povo, vem caminhar!”






Fontes:

Sacrossanctum Concilium – Constituição sobre a Liturgia do Concílio Vaticano II
Diretório Sobre Piedade Popular e Liturgia, da Congregação para o Culto Divino
Tempo para amar – Penha Carpanedo e Macelo Barros - Paulus
Celebrar com símbolos – Ione Bust – Paulinas
Preparando Advento e Natal – Ione Buyst – Paulinas
Natal, festa de luz e de alegria – Antônio Sagrado Bogaz - Paulus

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Espiritualidade do Leigo

VERBUM DOMINI: DEO GRATIAS!


No mês de outubro de 2008, ocorreu um encontro de bispos do mundo inteiro, assim como representantes de Igrejas Evangélicas Cristãs, Ortodoxas e de Judeus. Havia também leigos e leigas, religiosas e religiosas. Essa reunião levou os presentes a refletirem sobre a Palavra de Deus na vida do cristão, e a missão da Igreja diante desta palavra.
No fim, domingo 26 de outubro de 2008, enviaram uma “Declaração” belíssima a todos os cristãos. Insistiram em dizer que a palavra de Deus não é só o texto da Bíblia, e não é um texto morto, mas é Deus mesmo que fala àquele que abre o seu coração lendo, na oração. Ou seja, a Palavra de Deus tem uma voz (a Revelação), um rosto (Cristo), uma casa (a Igreja), um caminho (a Missão).
Diz o cardeal D. Pedro Odilo Scherer, uns dos delegados brasileiros que, o sínodo é um momento de semeadura, que trará grandes frutos para a Igreja.
Como Igrejas somos convocados pela Palavra de Deus, alimentar-se e vive dela e ter a missão de servir à Palavra de Deus, levando-a a todos.
Não há como não lembrar outro documento sobre a Palavra de Deus, chamado “Dei Verbum”, de poucas páginas, porém decisivas, para toda a transformação da vida cristã, a partir do Concílio Vaticano II (1965). Foi a partir da Dei Verbum que a reforma litúrgica deu amplo espaço à Palavra de Deus, na missa. À luz da Dei Verbum, também a catequese colocou a Sagrada Escritura na mão dos catequizandos. As ciências bíblicas tiveram, a partir da Dei Verbum, um grande avanço. Esse documento fez surgirem os círculos bíblicos, colocou enfim a Bíblia Sagrada nas mãos dos católicos, antes só presente nas mãos dos pastores que, por sinal, passaram a ser designados como “evangélicos”, como se somente eles o fossem.
A Dei Verbum já tem quase 50 anos de caminhada. E não podemos dizer que se esgotaram suas inspirações e conseqüências. A nova Exortação Pós-Sinodal Verbum Domini não exclui, antes retoma e avança na mesma direção da Dei Verbum, apresentando-a a nós todos, como passo conseqüente de toda a caminhada litúrgica e pastoral que fizemos. Agora, animados pela força missionária proposta pela Conferência de Aparecida, deveremos retomar a Palavra de Deus com mais empenho, como um mergulho radical na intimidade de Deus, a partir da Palavra, deixando-nos, literalmente, conduzir pela Palavra, vale dizer, pelo próprio Deus.
O próprio Bento XVI que esteve presente nesse encontro apresentou como resultado final, uma lista de cinqüenta proposições. Ele retoma essas reflexões, apontando rumos para toda a Igreja. A exortação é dividida em três partes. A primeira traz a fundamentação teológica: a Palavra é Cristo presente no mundo. A segunda considera a Igreja como espaço da Palavra. E a terceira parte convoca toda a Igreja a anunciar a Palavra ao mundo, motivando a justiça e a caridade. O Papa elege como destinatários privilegiados da Palavra os jovens, os migrantes, os sofredores, os pobres. O documento nos convida a sair dos limites da própria Igreja, oferecendo ao mundo uma Palavra que é capaz de dialogar com a cultura atual e conduzir o mundo as relações mais justas e cuidadosas com relação à natureza, pois, todo ser criado é iluminado pelo Verbo.

Em relação à Liturgia apresento algumas cápsulas do documento:

Escritura e Liturgia: "Exorto os Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa fé." (52)
A homilia: "É preciso que os pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado; preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão." (59)
Celebrações da Palavra de Deus: "Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra. (...) Tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica." (65)
Acústica: "Para favorecer a escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas litúrgicas e arquitetônicas." (68)
Canto litúrgico: "No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto gregoriano." (70)
Leitura Orante da Bíblia: "Nos documentos que prepararam e acompanharam o Sínodo, falou-se dos vários métodos para se abeirar, com fruto e na fé, das Sagradas Escrituras. Todavia prestou-se maior atenção à lectio divina, que 'é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva'." (87)

Por mais 50 anos!

Meu desejo é que a Exortação Verbum Domini snão corra o risco de ser acolhida como uma novidade que passa, “mais um documento” que fica na estante ou na gaveta, como fazem com as novidades descartáveis que compramos nas lojas. A gente sabe que os Meios de Comunicação não valorizam nem divulgam os documentos da Igreja. Para a imprensa mundial, uma notícia de um pronunciamento do Papa sobre preservativos é destaque de primeira página, enquanto, um documento, como esse, ganha duas linhas, num canto qualquer, sem importância. Será necessário, então, que os padres, religiosas, as lideranças de todos os grupos de pastoral, grupos de reflexão, movimentos, comecem já a ler e estudar as páginas desse documento. Que seja assunto das homilias, das reuniões e dos planejamentos. Que o convite do Santo Padre chegue, pouco a pouco, a toda nossa gente através da ação evangelizadora, missionária e espiritual.
Meus amados leitores vamos aproveitar esta pérola que a Igreja hoje nos brinda. Sua novidade tem o sabor e a surpresa, a oportunidade e a eternidade que tem o próprio Verbo encarnado, quando se faz semente e brota, como planta nova, no terreno bem preparado do coração de cada um de nós.
Termino esse artigo, com essa belíssima passagem do livro de apocalipse, que nos lembra que pelo batismo somos todos profetas, anunciadores do Reino e de sua Palavra: “Ide ao mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda a criatura!” (Mc 16,15).

“A voz do céu que eu ouvira tornou então a falar-me: ‘Vai, toma o livrinho aberto da mão do Anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra.’ Fui, pois, ao Anjo e lhe pedi que me entregasse o livrinho. Então, ele me disse: ‘Toma-o e devora-o; ele te amargará o estômago, mas em tua boca será doce como mel.’ Tomei o livrinho da mão do Anjo e o devorei: na boca, era doce como mel; quando o engoli, porém, meu estômago se tornou amargo’” (Ap 10,8-11).

Um abraço!

Fontes:

• Voz do Pastor: Deus nos fala e nós respondemos. D. Frei João Bosco Barbosa de Souza, OFM – Bispo de União da Vitória – PR
• Texto sobre o Sínodo da Palavra do Pe. Bruno Cadart.

Eu vou e você?

Novidades

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Formação litúrgica




Quando vou proclamar a leitura, pra quem eu faço reverência: Padre ou Altar?

Amados, percebo em algumas celebrações, que no momento da proclamação das leituras na missa, os leitores costumam fazer reverência para o padre, porém, quando subimos ao presbitério para o ministério de leitor, devo reverenciar em primeiro lugar a mesa do sacrifício: o Altar que é o centro, o coração da Igreja. Até o padre quando sobe ao presbitério a reverência dele ao altar é peculiar, ele o beija em sinal de respeito, carinho e atenção.
O altar, sinal de Cristo, é o centro do edifício da Igreja. A centralidade do altar no conjunto do espaço litúrgico não é teologicamente uma conclusão, mas o ponto de partida. A centralidade do altar com relação ao edifício de culto reflete a centralidade de Cristo com relação à assembléia litúrgica, ao mundo e à história.
O altar da igreja e o altar do coração guardam juntos uma íntima relação. Aquele é o coração do santuário; este é a realidade mais profunda da pessoa, seu santuário interior. O altar da igreja e o altar do coração se complementam mutuamente, e, de um modo misterioso, compõem um só. O altar verdadeiro e perfeito onde se oferece o sacrifício de Cristo é a unidade viva de ambos, porque a vida cristã é uma espécie de alteridade celebrativa e uma convivência existencial que engloba toda a vida do batizado. Sobre esse altar vivo, que é seu coração, os cristãos oferecem «sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo». Oferecem seus «corpos como hóstia viva, santa, agradável a Deus» (IGMR, nº. 306).
O altar é para ser visto e contemplado, como memorial dos mistérios que aí se celebram. Quanto ao uso de arranjos e flores, a Igreja pede que se observe a “moderação”. “No Tempo do Advento se ornamente o altar com flores com moderação tal que convenha à índole desse tempo, sem contudo antecipar aquela plena alegria do Natal do Senhor. No Tempo da Quaresma é proibido ornamentar com flores o altar. Excetuam-se, porém, o domingo ‘Laetare’ (IV Domingo da Quaresma), solenidades e festas”.
Em geral, “a ornamentação com flores seja sempre moderada e, ao invés de se dispor o ornamento sobre o altar, de preferência seja colocado junto a ele” (IGMR, n. 305). Na verdade, se Cristo é o altar verdadeiro e o altar representa Cristo em sua entrega por nós, é lógico que o mesmo nem precisa de enfeite. Ele já é belo por si mesmo. Por isso, a Igreja recomenda moderação, inclusive sugerindo que, “ao invés de se dispor o ornamento sobre o altar, de preferência seja colocado junto a ele”. Devemos fazer tudo para que o altar realmente apareça na sua inteireza.
Em nosso próximo artigo, vamos falar um pouco sobre a “Genuflexão”, o que é isso? É um gesto litúrgico?
A todos um grande abraço
Pe. Fróes

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Série: Espiritualidade do Leigo

A Trindade no seu dinamismo pericorético
espelho para a Igreja hoje !

Por Pe. Marcelo Fróes




“Ó Trindade, vos louvamos...
Vos louvamos pela vossa comunhão
Que esta mesa, favoreça
Favoreça a nossa comunicação!”



Talvez estejamos perguntamos: O que é Pericórese ou o que significa dinamismo pericorético?
Podemos dizer que ambos estão na mesma estrutura teológica. É o inter-relacionamento eterno que existe entre os três divinos: Pai, Filho e Espírito Santo. Cada pessoa vive da outra, com a outra, pela outra e para a outra. É uma comunidade unida, de amor, de ação.
A Pericórese nos conduz ao entendimento de que as três pessoas trinitárias agem sempre conjuntamente no interior da criação. Se fosse o contrário, teríamos três criadores, ou seja, três deuses, e isso não comporta ao entendimento teológico, pois, é uma heresia.
A Pericórese não impede que cada pessoa que compõe a Santíssima Trindade, tenha a sua ação particular uma propriedade singular. O grande desafio, ou pelo menos o desafio fundamental da fé trinitária se constitui em como fazer com que uma sociedade que idolatra o “eu” adquira a consciência de que toda a vida do homem está marcada trinitariamente. O homem é um ser social, não vive sozinho, vive uma relação constante com outro e com o mundo (Sócrates).
Um segundo sentido que a pericórese nos traz acerca da Trindade é que cada pessoa mora na outra. Morar e não Ser! O Pai está sempre no Filho, comunicando-lhe a vida e o amor. O Filho está sempre no Pai, conhecendo-o e reconhecendo-o amorosamente como Pai.
Pai e Filho estão no Espírito Santo, expressão mútua de vida e amor.
O Espírito Santo está no Pai e no Filho como fonte e manifestação da vida e do amor dessa fonte abissal.
A Santíssima Trindade continua sendo o protótipo da comunhão, da doação, da gratuidade, da participação, mas também um mistério abissal, uma realidade que sempre nos aparece e se permite conhecer e provar, sem que, no entanto, termine jamais nosso esforço de conhecimento.
Hoje a Igreja é convidada a atingir essa realização máxima da unidade que implica não exclusão, mas, a participação a ponto de se alcançar um dinamismo rumo à evolução de toda a comunidade eclesial que se apresenta como corpo místico de Cristo.
Quando a Igreja a caminho procura promover entre os seus membros – entende-se aqui todos os membros e a relação pericorética em toda a sua amplitude – ela se torna a maior expressão da Trindade, enquanto comunidade, de fé, esperança e amor, que procura viver o ideal de união proposto pela cabeça desse corpo que é Cristo.
A Medida que a Igreja é comunidade de fé, também é de esperança. Os que nela se inserem e com ela caminham, sabem para onde caminham. Não é uma caminhada a esmo ou uma esperança frustrante, mas um caminhado rumo à unidade.
A Igreja é chamada a ser o Ícone da Trindade.
A Igreja como ícone da Trindade desperta os corações para o comprometimento afetivo com o outro.
Quanto mais nos tornamos membros ativos e participativos dessa Igreja, mais seremos arremetidos para a Trindade, pois, ela se apresenta como Ícone da Trindade. Tal participação só será válida e construtiva, no entanto, se renunciando a todo o individualismo, prepotência e autoritarismo souberem viver em comunhão com Deus, com os irmãos, constituídos como Corpo de Cristo que a Igreja.
Compartilhar da vida da Santíssima Trindade nada mais é que viver em comunhão, em distinção e sem confusão. É participarmos da matemática de Deus onde o “dar” jamais leva á perda e a subtração, mais a partilha é a experiência com o amor de Deus.
Nós somos reflexos da trindade, pois a mesma reflete em nós.
Na doxologia da missa mostramos de forma reflexiva a nossa participação na Trindade, pois, nesse momento nos unimos a Cristo a mais perfeita de todas as oferendas: Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós ó Pai, todo poderoso, na Unidade do Espírito Santo, toda honra e toda a glória, agora e para sempre!
11º Domingo do Tempo Comum festa da Santíssima Trindade é a segunda maior festa da Igreja. A festa da Trindade na sua unidade onipotente.
Que possamos ter a Santíssima Trindade como modelo de comunidade, de comunhão e participação.

Neste artigo gostaria de homenagear a Profª Drª Irmã Maria Freire, ICM, uma grande mulher de Deus. Sempre incentivadora da vivência no dinamismo trinitário. Foi minha grande mestra na PUC – SP, mestrado. Com ela aprendi a amar, respeitar e ser um propagador da Mistério Trinitário.
Querida Irmã Mª Freire, nesta festa da Trindade, um abraço companheiro!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Grande cratividade!!!


Mandaram para mim esta mensagem... Gostaria de partilhar com vocês.
Muito legal.... Pra quem é professor(a), bom proveito:

Despedida do TREMA Simplesmente fantástico !!! Não sei quem escreveu, mas quem assina é o TREMA ...É uma tremenda aula de criatividade e bom humor, por sinal, comacentuada inteligência. A consequência não poderia ser outra: umaagradável leitura...

Despedida do TREMA

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você podenunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nosaqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos ecinqüentas anos. Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eusimplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seusingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!... O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra Use disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os doispontos disse que seu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto elefica em pé. Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica sepassando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também temaquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o pontofinal pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas elenegou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar umtopete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou forade moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pracá, "www" pra lá.Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nessetal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição,mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega depiadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me emborada língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá elesadoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vãoagüentar!... Nós nos veremos nos livros antigos. saio da língua para entrar nahistória. Adeus, Trema.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Espiritualidade do Leigo


Benção ou Maldição???



Há tempos, num curso, alguém me falou: “Eu gostaria que você me desse uma definição a respeito do que é bênção”. No primeiro estágio da resposta disse-lhe que se ele tivesse feito essa pergunta a Esdras ou Neemias, a solução provavelmente seria curta e precisa: “bênção é a mão de Deus sobre nós” Ambos usaram essa expressão cerca de nove vezes, falando do bom, generoso e poderoso efeito da mão de Deus. Desse modo, a afirmação dos dois atinge o cerne da questão. Também poderíamos dizer: bênção significa “Deus está conosco!”.

A palavra bênção, , queno hebraico tem a raiz semita b-r-k que dá origem ao termo berakák traduz uma oferta, oportunidade ou chance. Com ela se exprimem dois elementos essenciais do pensamento bíblico: a felicidade humana e o dom divino que é sua fonte. O verbo “abençoar” traz consigo o significado de uma comunicação dos bens divinos garantidos por um mediador: o pai (para a família), o rei (para a nação), o sacerdote (para os que freqüentam o templo), o ministro (para a comunidade religiosa). Vários eventos humanos são vistos na Bíblia como bênçãos, tais como a fecundidade da esposa, a vitalidade dos filhos, a felicidade da comunidade, as boas safras e abundância das colheitas, o convívio com os amigos, etc.

Do verbo “abençoar” vem-nos o particípio baruk, que constitui o âmago da forma israelita da bênção: “Bendito seja...”. Trata-se de uma entusiasta manifestação a respeito de alguém a quem Deus acaba de revelar seu poder e sua generosidade.

No Antigo Testamento, a bênção, em geral, se refere a algum tipo de bem-estar terreno, segurança, poder, riqueza, descendência, etc., e essa bênção está expressamente condicionada à obediência aos mandamentos de Deus: Eis que, hoje, eu ponho diante de ti a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te ordeno; a maldição, se não cumprires os mandamentos do Senhor, te Deus, mas te desviares do caminho que hoje ordeno, para seguires outros deuses que não conheceste (Dt 1,26-28).

No Novo Testamento, mantém-se o foco das antigas bênçãos. Jesus abençoa as crianças (cf. Mc 10,16), seus discípulos (cf. Lc 24,50), os pães (cf. Mc 6,41), etc. Igualmente Jesus ensinou aos discípulos a responder com uma bênção às maldições de seus inimigos (cf. Lc 6,28). Ele descreveu a eterna felicidade dos justos como a bênção definitiva dada pelo Pai, ao contrário das maldições que cairão sobre os que rejeitarem a salvação (cf. Mt 25, 34-41).

Foi com copiosas bênçãos que Deus coroou todos os atos da sua criação, ao dizer que tudo estava muito bom. Primeiro ele abençoou o homem e o seu trabalho. Depois abençoou o sétimo dia. O homem foi abençoado para poder empreender tudo o que o Criador projetou que ele fizesse. O sétimo dia foi abençoado e santificado para ser ocasião de descanso e reflexão. Abençoando-o, Deus relacionou-se intimamente com o homem, com o trabalho e com o sábado (judaico) e o domingo (cristão), realidades que ele próprio idealizou.

As Sagradas Escrituras estão repletas de situações de bênçãos, onde a benção proferida por Deus e aquela levada a efeito pelo homem se entrelaçam: Gn 27,27ss; Gn 49,25s.

Os batizados são chamados a abençoar e a ser uma bênção, que está intimamente ligada ao sacerdócio batismal. Todo batizado é chamado a participar do processo de “bênção”, eis por que os leigos podem presidir certas bênçãos.

Na liturgia da Igreja, a bênção divina é plenamente revelada e comunicada: o Pai é reconhecido e adorado como a fonte e o fim de todas as bênçãos da criação e da salvação; em seu Verbo, encarnado, morto e ressuscitado por nós, o Pai nos cumula com suas bênçãos, e por meio dele derrama em nossos corações o dom que contém todos os dons: o Espírito Santo.

Abençoar é uma ação divina que dá a vida e da qual o Pai é a fonte. Sua bênção é, ao mesmo tempo, palavra e dom. No latim é benedictio, e no grego é euloguia. Aplicado à vida do ser humano, esse termo significa a adoração e a entrega a seu criador, na ação de graças. Bendizer é prestar um elogio.

Para finalizar, é bom interiorizarmos que a bênção é uma graça que atinge a vida e seu mistério, e é um dom que envolve gestos e palavras. Enquanto a prece da bênção afirma a generosidade divina, a ação de graças, que se move pela fé, já a viu manifestar-se.


Que Deus te abençoe e te guarde!
Ele te mostre a sua face e se compadeça de ti!
O Senhor volte para ti o seu olhar e te dê a sua paz!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma novidade, uma bênção...


A BÊNÇÃO
JOÃO DE DEUS...

João Paulo II foi um dos maiores papas da Igreja. Poderia ser chamado de “Magno”, como Leão Magno e Gregório Magno. Leão enfrentou os bárbaros que invadiram o Império Romano e Gregório os educou e evangelizou. João Paulo II salvou a Europa e o mundo do comunismo ateu, materialista e anticristão e preparou-o para o terceiro milênio do cristianismo com a sabedoria de um grande profeta dos tempos atuais.

O Espírito Santo foi buscá-lo detrás da “Cortina de Ferro” comunista para fazer cair o “Muro da vergonha” de Berlim e trazer a paz e a fé de volta a tantos países do Leste europeu. Tchecoslováquia, Rússia, Bulgária, Polônia, Hungria e outros voltaram a respirar.

Ele foi um marco há história da Igreja, não só pelos 25 anos de pontificado, mas pela sua santidade, cultura, amor ao ser humano.

Mestre da doutrina, arauto da paz, paladino da justiça entre os povos, soube falar ao mundo e com o mundo. Revelou-lhe as suas chagas, apresentando o remédio de que precisava: Jesus Cristo.

Em seu primeiro discurso como Papa, à janela do vaticano, pediu ao mundo: “Abri as portas a Jesus Cristo...”

Nessa hora em que o céu o acolhe como beato, precisamos dizer; Obrigado Senhor, porque nos destes um grande Pai, Mestre e Pastor.

Com todo o povo aclamamos: “Santo súbito!” Interceda pela Santa Igreja e por cada um de nós no céu sem cessar.

Espiritualidade do Leigo


Irmã Dulce
Uma vida de SANTIDADE!

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, nascida em 26 de maio de 1914, filha do cirurgião dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza.
O processo de beatificação iniciou em 17 de janeiro de 2000. Em 2001 foi divulgado um milagre pela intercessão da Irmã Dulce e 2002, o processo levado para análise do vaticano. O milagre foi reconhecido juridicamente pela Sagrada Congregação da Causa dos Santos em 2003. Em Abril de 2009, foi considerada venerável pela sua vida de amor, fé e caridade.
No dia 22 de Maio de 2011 será mais uma beata para o Brasil.
A beatificação é uma etapa no processo da canonização, quando beato é declarado santo.
Muitas vezes as pessoas fazem referência à Irmã Dulce, como o “ANJO BOM DA BAHIA”, não porque viram nela poderes mágicos, mas porque buscava transformar as mais duras realidades de pobreza e sofrimento dos irmãos que a cercavam em lugares concretos de evangelização e caridade.
Participemos da alegria deste momento da história da Igreja no Brasil, fazendo da nossa vida uma extensão do testemunho cristão da vida da BEM AVENTURADA IRMÃ DULCE!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Símbolos da Páscoa...


INCENSÓRIO

o Incenso, tão presente nas culturas indígenas e africanas, é usado em nossas celebrações como ato de adoração, oferta e vida... como nos ensina o salmo 141: "Suba a minha prece como incenso à tua presença, minhas mãos erguidas como oferta vespertina".
O Incenso fi um dos presentes oferecidos a Jesus pelos magos (cf. Mt 2,11). Nós incensamos o altar, o livro dos evangelhos, o pão e o vinho, ministros do altar e assembléia, os ícones, porque reconhecemos nestes elementos sinais vitais da presença de Jesus.
é comum nas Igrejas queimar incenso em vaso de metal (ou turíbulo), mas já estão se tornando usuais os incensórios de cerâmicas.
A Páscoa é louvor, adoração, ação de graças... é muito comum usarmos incenso para celebrarmos a liturgia pascal.
A prática do incenso nas celebrações torna a liturgia mais solene e profundamente espiritual.

A Páscoa é o suave odor da ressusrreição - vida nova. O incenso é a gratidão do povo que marcha, que reza, que louva e que espera.

Um abraço. Pe. Fróes

Uma Páscoa com Cristo, uma Páscoa de Ressurreição


Caríssimos amigos, que mistério maravilhoso somos convidados a celebrar: A Páscoa de Cristo, a nossa Páscoa!
Nossa fé, já fortalecida pela ressurreição do Cristo, será capaz de tirar todo o sono que pode nos impedir de festejar esta belíssima festa de irmãos.
Desejo a todos vocês e aos simpatizantes de nosso blogger uma Feliz e santa Páscoa no Senhor.
Que a Páscoa abra nossos olhos para ver a ressurreição que está acontecendo em nós e nos proporcione a graça de sentir o nosso Êxodo.

Como nos diz os poetas das canções pascais:

"Meu coração me diz, o amor me amou e se entregou por mim, Jesus Ressuscitou!
Passou a escuridão, o sol nasceu, a vida triunfou, JESUS RESSUSCITOU!"

viva Cristo, o Sol da Justiça que vem nos visitar;
Viva a Ressurreição;
Viva a Páscoa;


FELIZ PÁSCOA!

O que significa ser ressuscitado com Cristo?


Ser homem significa ir ao encontro da morte. Ser homem significa ter de morrer, ser aquela substância da contradição segundo a qual, do ponto de vista biológico, é natural e necessário morrer; mas, ao mesmo tempo, abriu-se na vida biológico um centro espiritual que aspira à eternidade e, deste ponto de vista, morrer não é natural, mas ilógico, porque significa expulsão da esfera do amor, destruição de uma comunicação que é desejo de eternidade.
Deste modo, viver significa morrer. Portanto, o filho de Deus “Fez-se homem”, significa também isto: foi ao encontro da morte.
Jesus é introduzido no sofrimento humano para libertá-lo da sua dependência do poder do mal e da morte, através de sua Ressurreição. Esta é a nossa Páscoa!
Jesus nos oferece a possibilidade de sermos introduzidos em sua Páscoa e dela participar, para sermos também libertados da escravidão do pecado e da morte. Eis o Mistério Pascal: o caminho pascal de Jesus torna-se o caminho pascal do cristão.
Esse Mistério Pascal é um dom do Pai para cada pessoa e para toda a humanidade, como fonte de libertação e como experiência de comunhão, ainda que sob o véu dos sinais sacramentais. Assim, pela invocação do Espírito Santo, as celebrações litúrgicas nos fazem participar dos fatos passados, e atualizam sobre nós a mesma graça redentora que se derramou sobre Maria Santíssima, sobre os apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus: O Batismo nos faz filhos adotivos do Pai, a Crisma nos dá o Espírito Santo e a Eucaristia nos mantém em comum união com Jesus e com os irmãos.
As pessoas que foram regeneradas na fé e no amor pelo batismo receberam as potencialidades e a vocação a viver como homens e mulheres “partícipes da vida do Ressuscitado”, partilhando a mesma energia divina de Cristo no Espírito (cf. Ef 2,4-8; Cl 3, 1-4).
O Estranho esvaziamento do verbo encarnado, na morte de Cruz e no silêncio do sepulcro, abre o caminho para uma nova história, em prol de cada um e do mundo inteiro. “Batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados. Portanto, pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte, para que, com Cristo fostes ressuscitados dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivemos vida nova (cf. Rm 6, 3-4).
Celebramos em maneira indivisível a Páscoa pessoal de Jesus e a Páscoa de seu corpo vivo que é a Igreja: cada um de nós, a caminho da esperança na renovação plena e definitiva.
Queridos podemos comparar o homem, a mulher, o jovem e a criança ressuscitada com o canto do Aleluia que constitui o emblema da Páscoa e da vida nova em Cristo. Brota da alegria da fé, se irradia através da vida renovada, antecipa a plenitude da esperança: a Paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, em que é preciso trabalhar, sofrer e por fim morrer. A ressurreição e a glorificação do Senhor nos revelam a vida que um dia nos será dada... É isto o que todos nós exprimimos mutuamente quando cantamos: Cristo Ressuscitou Aleluia, venceu a morte com amor!...
O homem e a mulher ressuscitada é o protótipo da alegria, da fraternidade, da esperança, da unidade e de todos os sentimentos que brotam do coração do nosso Deus. A fé cristã afirma que ressurreição é uma transformação de nós, pelo poder amoroso de Deus. Assim, a morte física não é o fim, mas uma passagem ou etapa de nossa vida. Na missa dos mortos, rezamos: "Para quem crê a vida não é tirada, mas transformada".
Por isso São Paulo adverte: "Se vocês ressuscitaram com Cristo, busquem as coisas do alto" (cf. Cl 3,1). Uma condição indispensável para a ressurreição final e de cada dia é a confiança em Deus.
Feliz Páscoa! Feliz Ressurreição!
“Ó Deus, por vosso filho unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova” (Oração do Domingo da Páscoa).
Pe. Marcelo Fróes
Liturgista