quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

As Viagens de Egéria


Queridos grande é a curiosidade das pessoas em relação à Egéria.

que bom!!!!

Foi um dos cursos, mais proveitoso que já fiz.

Quem sabe, podemos organizar um curso desse aqui em nossa comunidade. É muito legal!!!

Agora vai um pouco mais de Egéria para vocês!



Egeria, conhecida também como Echeria, Eteria, Aetheria e Etheria, foi a autora dum livro de viagens no século IV. Tudo parece indicar que nasceu na Gallaecia, "nas ribeiras mais afastadas do oceano ocidental", segundo documentos do século VII, embora (ao se perder a primeira parte da sua obra) haja autores que situem o seu nascimento na Aquitânia.

Alguns autores consideraram-na parente de Aelia Flacilla, primeira mulher de Teodósio o Grande. A. Lambert avançou uma hipótese segundo a qual tratar-se-ia da irmã de Gala, de quem se refere São Jerome como esposa de Prisciliano. Esta hipótese e sua qualidade de mulher independente e audaz, bem como sua origem galaica, serviram como base a alguns autores para a adscrever ao movimento priscilianista.
Escreveu um livro da viagem que realizou ao Oriente Próximo de 381 a 384 (datas aceitadas mais comumente), que lhe outorga a consideração de primeira escritora hispânica em língua latina. Atravessou o Sul da Gália e o Norte da Itália; cruzou em barco o mar Adriático. Chegou a Constantinopla em 381, e daí partiu para Jerusalém, visitando Jericó, Nazareth e Cafarnaum. Partiu de Jerusalém para o Egito em 382, visitou Alexandria, Tebas, o mar Vermelho e o Sinai. Visitou logo Antioquia, Edessa, Mesopotâmia, o rio Eufrates e Síria desde onde regressou via Constantinopla. Não há registro da data, o lugar e as circunstâncias da sua morte.
Acredita-se que fez parte de uma comunidade religiosa da qual até chegou a ser abadessa, apesar de outros autores (como Hagith Sivan, 1988) precisar que era comum, entre os cristãos dessa época, tratarem-se de "Irmãs" e "Irmãos". De fato, existem indícios que levam a sugerir que não era uma monja, como por exemplo: sua liberdade para fazer uma peregrinação tão longa e para trocar seus planos durante a viagem, o alto custo da sua peregrinagem, seu nível educacional, e na sua obra se centrar nas vistas e lugares e não nos milagres e fatos religiosos como outros documentos que se conservam de monges daquela época.
Procedente de uma família acomodada, gozou de plena autonomia para tomar suas próprias decisões. Dentro do grupo -nutrido para a época- de mulheres que no século IV realizavam peregrinações a Terra Santa, Egeria destacou-se por escrever um minucioso relato no qual descreve o itinerário e suas impressões.
No seu manuscrito mostra-se como uma viajante cheia de insaciável curiosidade, enche-se de comentários entusiastas sobre as esplêndidas paisagens, os edifícios famosos, os montes íngremes e os férteis vales. Por exemplo, por ocasião da ascensão do monte Sinai, comenta "a ascensão destes montes faz-se com um esforço imenso, já que não se sobem pouco a pouco, em espiral, senão que se sobe tudo direito, como ao longo de uma parede!"
A obra, conhecida como Itinerarium Egeriae, chegou até nós incompleta -falta a primeira parte, com o título e a última- e foi escrita em Constantinopla. Considerada uma obra chave para conhecer o latim vulgar que se falava na época e que, aliás, oferece uma valiosíssima informação sobre a sociedade e a liturgia do momento, o Itinerarium ou Peregrinatio ad loca sancta contém a viagem a Constantinopla e Jerusalém, à Capadócia e à Tebaida no Alto Egito, ao mar Vermelho e ao Sinai. Os monges dos lugares que visitou receberam-na como uma celebridade da época e as autoridades expediam salvo-condutos para salvaguardar a sua segurança.
O Itinerarium foi publicado pelo próprio autor do achado em 1887. Os relatos foram escritos, possivelmente, entre 393 e 396, do qual se deduz a importância documental do testemunho naqueles anos do primeiro cristianismo, já que a obra é muito prolífica na explicação de pormenores relacionados com a liturgia.



Um comentário:

  1. Um texto interessante sobre Egéria. Nada indica porém que fosse uma religiosa. Poderá ter sido somente uma dama cristã da família imperial, nascida na Callaecia e que terá vivido em Bracara Augusta antes de realizar a sua notável viagem.
    FSL. Arqueólogo.

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